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quarta-feira, 30 de março de 2011

A Montanha

por Flavia Guerra

Há quem diga que todos os filmes de guerra já foram feitos, que filme de guerra virou gênero clichê. E que o Brasil não sabe fazer nem mesmo guerra, que dirá um filme de guerra. Vicente Ferraz e sua equipe tentam derrubar todos os clichês com A Montanha, longa-metragem sobre os bastidores da participação dos pracinhas brasileiros na 2.ª Guerra – um episódio histórico traumático para as famílias dos participantes e ainda hoje pouco esclarecido. Diretor do premiado Soy Cuba, o Mamute Siberiano, Ferraz decidiu rodar o filme em solo italiano, real cenário da luta dos soldados brasileiros, numa coprodução que uniu três países: Itália (Verdeoro) e Portugal (Stopline Films), que entram com 40%, e o Brasil (Primo Filmes e Três Mundos Produções), com 60%. Do elenco, liderado pelos brasileiros Daniel de Oliveira (Cazuza, Zuzu Angel), Julio Andrade (Cão sem Dono e Hotel Atlântico), Thogum (Filhos do Carnaval, Tropa de Elite, Bruna Surfistinha) e Francisco Gaspar (A Casa de Alice, Caixa 2), participam o italiano Sergio Rubini, o alemão Richard Sammel e o português Ivo Canelas.

A batalha de comandar mais de 60 profissionais de nacionalidades diferentes, num ambiente pouco familiar e descobrir o lugar do Brasil no conflito que mudou a ordem social parece, ironicamente, manter semelhanças com a luta narrada em A Montanha. Sem contar a batalha que ainda será travada para arrecadar R$ 3 milhões dos R$ 8 milhões previstos no orçamento do filme.

Na 2.ª Guerra, o Brasil uniu-se aos aliados, ao lado dos EUA, Inglaterra e França, contra os países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão. A Força Expedicionária Brasileira enviou à Itália mais de 25 mil soldados, a maioria jovens pobres e despreparados que tiveram, quase de repente, de aprender a combater e a conviver com o frio, o medo e com um idioma estrangeiro. No filme, quatro pracinhas perdem-se na neve e acabam encontrando um correspondente de guerra e dois soldados desertores: um italiano que quer se juntar à resistência e um alemão cansado da guerra. Assim, passam a formar um estranho grupo de deserdados de várias nacionalidades.

O Estado acompanhou a equipe de filmagem nos Alpes italianos, na região de Friuli-Venezia Giulia, quase fronteira com a Eslovênia, com a tão almejada paisagem nevada, essencial para as principais sequências do filme. Ali, a pequena cidade de Aviano abriga a base da equipe do filme, e também a base do Exército americano e da Otan. Enquanto o filme era rodado, tropas americanas se preparavam para o ataque aéreo na Líbia. A movimentação militar local podia ser sentida nas entrelinhas de um inglês pronunciado tão naturalmente quanto naturalmente também há mais ‘american dinners’ que trattorias italianas na cidade.

EMOÇÃO NO SET
Aqui, o dia começa na noite anterior

Nada é óbvio quando o Brasil decide fazer um filme de guerra. Muito menos a rotina de filmagens. Nos dias em que o Estado passou no QG da equipe do filme, seguindo a agenda espartana de filmagens, foi possível entender por que o lugar-comum de que nada é mais emocionante, entediante e estressante que um set de filmagens. Se é grande a emoção de escutar um “ação”, o tédio da repetição de cenas (filmadas de vários ângulos para “opções de montagem”), da espera de um avião atravessar o céu ou de um cachorro latir são tão grande quanto. O estresse de lutar a cada dia contra imprevistos de toda a natureza é imenso. Queixas existem, mas ninguém deixava o campo de batalha e todos se sentem felizes ao fim de cada jornada. “O Vicente (Ferraz) é um apaixonado e essa paixão contamina a todos. Disso é feito cada dia nosso”, comenta o ator Daniel de Oliveira.

O dia em A Montanha começa, na verdade, na noite anterior, quando todos recebem a “Ordem do Dia” seguinte. Por volta das 5 e meia, o despertar e, às 6 e meia, seguem para o set, que variava de cidades improváveis incrustadas nos montes a descampados nevados, à mercê de todas as intempéries possíveis no fim de inverno dos Alpes. Ferraz, mais a diretora assistente Joana Mariani, o diretor de fotografia Carlos Arango de Montis e a continuista Renata Rodarte, vão sempre na frente, discutindo os planos para aquele período. A chegada ao set não conta com improvisos, mas sempre pede soluções rápidas para questões como “se chover”, “se nevar”, “se a luz cair antes de terminarmos”, e “se estourarmos o tempo”.

Enquanto isso, o elenco se prepara na sartoria. O pequeno exército de atores é submetido a uma maratona de troca de roupas, maquiagem, sporcheria (para sporcar, sujar ‘de real’ os uniformes), adereços… Para encarar as duras condições de guerra, eles contavam com truques que incluíam desde a técnica de enrolar os pés com papel toalha para mantê-los secos e ‘vivos’ até a troca de meias nos intervalos de filmagem.

Novembro de 1944

Soldados da Força Expedicionária Brasileira em Monte Castelo, na Itália, onde travaram batalhas decisivas, são cumprimentados por seus atos de bravura pelo general Crittenberger, comandante do IV Corpo, e pelo general Mascarenhas, comandante da FEB


CHORO E CHUVA
O alívio domina fim das filmagens

Tropas prontas, era hora de partir para a batalha do dia. Hoje, a cena em questão é crucial: o fim da guerra. Coincidentemente, um dos últimos dias de filmagem, o “dia do fim da guerra”, o roteiro não previa chuva. Mas como a natureza é protagonista em A Montanha, uma chuva digna dos trópicos cobre a pequena cidadela de Polcenigo esta manhã. “Está sempre ensolarado quando os americanos chegam. Com este temporal, a alegria vai parecer melancolia”, observa um das dezenas de figurantes do momento em que a cidade de San Giusto para, vendo os tanques passarem. Mas nem a chuva é capaz de atrapalhar o planejamento. Documentarista experiente, Ferraz assume o “fator real” em sua “ordem do dia” e segue adiante. Equipe abrigada em longas capas de chuva, pés molhados e congelados, lentes da câmera que embaçam a todo momento, uniformes encharcados… Tudo vai ficando pronto até que se escuta mais uma vez: “Silêncio, partito, giriamo, ação!”

A guerra e o dia terminam. Há palmas, choro, chuva. Há alívio e um sorriso no rosto de cada um dos que testemunharam aquele “dia de Fitzcarraldo à brasileira”. Satisfeito, Vicente? “Satisfeito. Ainda não acabou, mas agora falta pouco. Depois de um dia como este, sei que vamos conseguir terminar.” Como diz o mote do filme de Werner Herzog, “quem sonha pode mover as montanhas”. Ferraz e equipe sonharam alto e, nas últimas seis semanas, subiram e moveram montanhas de diversas naturezas. Como naquele “dia de fim de guerra”, a luta trouxe felicidade à equipe que encarou neve, chuva, granizo, vento, sol, imprevistos de toda sorte.

De volta a Roma, a batalha da subida foi vencida, mas agora é hora de descer com calma. “Não foi fácil botar este filme na lata. Mas quem disse que guerras são fáceis? Agora é levar o filme para as telas”, diz Ferraz. Para esse comandante e equipe de pós-produção, a luta continua. Se ainda algum clichê de guerra aqui cabe, este é “Hasta la vitoria, siempre!” A Montanha deve estrear ainda este ano.

FONTE: O Estado de São Paulo, via Notimp
 A M ontanha:

sexta-feira, 4 de março de 2011

EM SUA DIREÇÃO...


















O asfalto é engolido em segundos
pelas rodas do desejo e da emoção
sinto a companhia de Deus na garupa
a morte que me acompanha
a falta de suas mãos em minha cintura
integrando a máquina como uma mistura
de sangue e gasolina.

Corro para escapar do mundo
que pode me derrubar em segundos
em cada curva em cada reta protejido
pela certeza, pelas mãos do anjo,
pela imagem de seu rosto que reflete
nas nuvens, no sol, na lua, no asfalto

E no sentido contrário histórias de vida
passam por min...acelero fundo até sentir
o coração batendo, me sinto vivo,
Sinto a esperança o sangue corrento na veia
o ronco interrupto no movimento do meu corpo
contornando as curvas que me levam as suas
vejo um mundo que em segundos não exite mais
com o calor que me espera em seus braços
e os pensamentos que em frações de segundo passam
como um filme em minha mente espanto os instantes
em que a solidão esta presente em minha alma cheia de luz
que irradia de seus olhos continuos na linha que me leva
a paz ao descanso ao prazer, que me levam em sua direção...
A estrada é longa, mas a vontade é maior e o amor infinito.

Rodrigo - 24/08/1999

Faleceu o Último Veterano Americano da 1º Guerra




Frank Buckles
(01/02/1901 - 27/02/2011)

Faleceu no último dia 27 de fevereiro em Charles Town, West Virginia, EUA, de causas naturais aos 110 anos de idade, o último veterano americano da Primeira Guerra Mundial, Cabo Frank Woodruff Buckles.

Nascido em Bettani, Missouri, Buckles tinha apenas 16 anos quando os EUA entraram na Primeira Guerra Mundial em agosto de 1917. Ele mentiu diversas vezes sobre sua idade - dizendo ter 18 - para alistar-se, mas foi recusado repetidas vezes. Finalmente, ele resolveu contar uma mentira ainda maior - dizendo ter 21 - e dessa vez o recrutador deu-lhe sinal positivo.

Buckles embarcou para a Europa ainda em 1917, a bordo do RMS Carpathia - o mesmo navio que resgatara os sobreviventes do RMS Titanic cinco anos antes. Servindo na Inglaterra e França, Buckles tornou-se motorista de ambulância e motocicletas junto ao 1º Destacamento de Fort Riley, e numa de suas missões de ligação, conheceu o comandante das forças americanas na França, General John Pershing. Quando se deu o Armistício em novembro de 1918, ele passou a escoltar prisioneiros de guerra alemães de volta para a Alemanha. Buckles foi enviado de volta aos EUA e passou para a reserva em 1920.

Em 1940, Buckles passou a trabalhar para uma empresa de navegação em Manila, nas Filipinas. Com a invasão japonesa do arquipélago em 1942, ele foi enviado para o campo de prisioneiros de Los Baños, onde passou os próximos três anos e meio. Buckles perdeu muito peso e contraiu diversas doenças tropicais, mas manteve durante todo o tempo os colegas ativos por meio de um programa de exercícios. Ele somente foi libertado em 23 de fevereiro de 1945. Após a Segunda Guerra Mundial, ele mudou-se para San Francisco e lá casou-se em 1946. Na década de 1950, aposentou-se e comprou uma fazenda na West Virginia, onde criava gado. Em fevereiro de 2008, com a morte de Harry Richard Landis, Frank Buckles tornou-se o último veterano americano da Primeira Guerra Mundial ainda vivo. No ano anterior, a França condecorou-o com a Legião da Honra, e ele foi recebido na Casa Branca pelo presidente George W. Bush.

Ao completar 110 anos de idade em 1 de fevereiro de 2011, Buckles atingiu o status de "supercentenário", e ainda dava entrevistas. Ele será enterrado com todas as honras militares no Cemitério Nacional de Arlington. Com sua morte, restam apenas dois veteranos da Primeira Guerra ainda vivos: Florence Green (110 anos) e Claude Choules (109 anos).

Via: saladeguerra.blogspot.com